Doe 5.

https://mpago.la/1ABXTtc

23/06/1988 Entrevista ANGELINA

 LINHA De HISTORIAS CONTADA POR ANGELINA FERNANDES

Entrevistadora: Nilceia Gazzola (E. E.P.S.G Maurico Milani 6 serie – Professora Maria Helena) Caderno Brochura – Nota 10 -  ano 1988 para usar no cinquentenário de Echaporã.

 Echaporã 23 de junho de 1988

                             Entrevista: Angelina Fernandes

Breve Biografia Familiar:

Familia + ou - 1818
Nascimento: Araraquara 3 de janeiro de 1909
Vinculo Histórico:
filha de Santiago Fernandes e Josephina Abolis 

Casada: Campos Novos Paulista no Distrito de Tabajara 19 de Abril de 1928  com Hermínio Gazzola, filho de Francesco Gazzola ( italiano) e Maria Rabassi( italiana) 

Irmãos:  Rosa Ema Fernandes e  Emilia Fernandes

Filhos: Lauro, Maria, Paulo, Waldemar, Alzira, José, Josephina, Nilton, Ermínia.

Netos:

- O Lauro Gazzoli  casou com a Maria Dorotheia Gianassi  (filha de italianos) e teve: Pedro Hermínio Gazzoli do Lauro.

- A Maria Gazzola casou com o Sebastião Lalier (filho de Franceses) e teve: Alcebiades Lalier, José Lalier, Messias Lalier, Vanglegesio Lalier, Osvaldo Lalier.

- O Paulo Gazzola casou com a Luzia Durigan  e teve: Maria Cristina, Paulo Roberto, Florisvaldo.

- O Waldemar Gazzola casou com a Teresa Marrone ( filha de italiano)  e teve: Sonia, Celia, Maria, Sandra,  Marcia e Gildo

-  A Alzira Gazzola casou com Ozorio H. Tebaldi e teve: Angela, Osvaldo, Odilon,

- O  José Gazzola, casou com Lazara e teve: Maria José, Rosangela, Paulo, Herminio e Alessandra.

- A Josephina Gazzola, casou com Adelcio Enrique de Carvalho e teve: Marcial Henrique de Carvalho e Marcia Aparecida de Carvalho

- O Nilton Gazzola, casou com Lourdes Vilalba Moura e teve: Nilceia Gazzola

- E a Erminia, nossa amada faleceu aos 13 anos de idade devido a um problema circulatório, deixando  minha vida com uma falta irreparável, mas Deus coloca na terra as pessoas com seu tempo e não o tempo que queremos, ela tinha o nome da minha irmã e partiu tão cedo.

 

Inicio Data: Echaporã 23 julho de 1988, Quinta feira.

Fim da entrevista: Echaporã 5 de outubro de 1988

 

O que minha avó Angelina fala: “ Uma coisa que sou boa é com datas, difícil eu esquecer algo, lembro de aniversários, nomes, cidades, lugares, vou gostar de contar a historia de Echaporã como deve ser dita sem as mentira e intriga de quem queria levar o povoado embora”

 

Vou começar perguntando: Como nossa Família veio parar nesta região?

Antes de 1924 eu tinha pouca lembrança, fica muito confuso porque já passou muito tempo, mas  moraram em Araraquara, Boa Esperança do Sul, Trabiju, Dourado,  Itirapina, Campos Novos da Catequese, Bela Vista e era tudo muito difícil, mas que a minha mãe  Josephina se apegava muito a fazer oração dela e nos ensinou a rezar para que tudo possa melhorar, e vejo que demorou mais melhorou muito.

O meu pai Santiago recebeu adiantamento de uma parte de sua herança porque sua única irmã Albina faleceu e partimos a procura de um local melhor  e saímos de carroça lá da região Araraquara e fomos parando e criando vínculos de compadres e conhecidos e nesta peregrinação que foi sofrida, sol e chuva  e o amor da minha mãe até que chegamos aqui na região de Campos Novos Paulista com toda Família e Amigos a procura de terras de qualidade para comprar e montar seu negocio, a agua era gostosa e o clima era diferente das outras cidades o que fez os espanhóis e italianos gostarem.


-Tenho algumas lembranças de 1924  até  1926

O meu Pai sim foi o fundador daqui porque ele nunca desistiu na verdade nossa família, eu, Rosa, Emilia e a Mãe Josephina  sempre acompanhamos o Santiago Fernandes, desde quando ele comprou 40 alqueires de terra no alto da “Serra do Mirante”, aqui era bonito, tinha uma clareira pequena onde os índios usavam para caçar e claro que as famílias  também fazia o mesmo porque era o  encontro das serra, poucas arvores grandes e algumas clareiras abertas. No começo a carne que usávamos era de paca, capivara, pato, pomba, tatu e outros bicho do mato que podia caçar, a carne de boi só se comprasse no açougue da catequese ou de campos novos paulista.

Mas voltando a historia o meu Pai o usou o dinheiro da herança e comprou terras, mas não sobrou e ele pegou emprestado com Spinardi para manutenção do café e usou para pagar o pessoal da limpeza do local para inciar o povoado nosso e ele abriu dois alqueires, e primeira coisa foi fazer da terra abençoada separou o lugar da capela e começou a construir uma casa e se muda com a nossa família. E em suas outras terras cuida do café.

No final do ano de 1925 depois do dia de Nossa senhora  inicia a organização do local e com a ajuda dos sitiantes (imigrantes italianos devotos), construímos a capela para Nossa Senhora Aparecida, terminando de fazer no inverno de 1926 com muita felicidade e choro porque passamos muita dificuldade até chegar a nossa terra prometida por Deus, esse sagrado lugar. Essa capela recebia o Miguel Tortola para fazermos o terço todo domingo, uma grande conquista. E a primeira missa estava tendo pessoas até do lado de fora, e desta forma todo domingo passou a ter a santa missa, o que depois de virar cidade providenciaram uma Igreja Matriz.  Não tenho certeza preciso confirmar coma Rosa, mas quando a capela foi desmontada outra imagem foi colocada na Matriz uma que Emília foi buscar em Aparecida está veio abençoada pelo Bispo e a da capela tinha quase um metro de altura ficou com a Rosa.

O meu pai já havia construído a primeira casa e era de tábua era pertinho da onde seria a praça e a capela, nosso orgulho, ficávamos sentadas olhando a porta da Capela junto  com o cachorrinho da minha mãe Josephina e em um dos quartos da frente da casa ele instalou um boteco que vendia desde alimento, bebidas e outras necessidades emergenciais na frente de nossa  casa, onde hoje é a avenida central no local onde seria construído o cinema Municipal. Na mesma época a primeira família a acompanhar a jornada foi do França Ferlete, desta forma os outros já estavam construindo suas casas porém Ferlete foi um dos que acompanhou Santiago meu Pai fazendo a dele ao mesmo tempo, quase mudou primeiro,  sua ideia foi ótima usa sua casa para  funcionar uma pensão no local.

Lembro que foi rapidinho nestes anos já tinha mais de trinta casa e um comercio onde meu pai vendeu como sendo a Avenida do Povoado, tudo correia bem sim, italianos, japoness, espanhois, franceses e outros.

Tinha uma serraria a todo vapor, trabalhavam do amanhecer até o sol ir, porque tinham que dar conta do corte das tabuas para as casas porque estava crescendo rápido. E o meu pai buscava produto duas vezes por semana em Assis, uma de nos sempre ia de companhia levava quase dois dias de carroça a ida e volta.

Acho que foi nestes anos que reencontrei o Hermínio Gazzola o italiano que eu já tinha conhecido lá em Boa esperança do Sul quando éramos crianças, ele veio trabalhar na região já estava desde 1925 ajudando na derrubada de arvores e venda de dormentes para ferrovia e eu não havia lhe visto ainda, ele me viu e falou que ia casar comigo. E minha irmã Rosa só falava nos olhos de Giovanni Gazzola o João  irmão do Hermínio. O mundo é pequeno.

 

Os dez anos crescimento: 1927 - 1937

Tempos difíceis, sem agua, sem luz, buscando agua no poço, cozinhando com fogão a lenha, guardando carne na lata, lavando roupa na bica, mas sem desistir nunca, porque somos uma família de teimosos, sim quando colocamos algo na cabeça se unimos e vamos em busca daquilo, esse povoado foi o sonho de meu pai e a realidade minha hoje, uma cidade que cresce quando tem investimento dos maiores e diminui da mesma forma, dura realidade. É bom chegar no cinquenta anos da cidade é olhar para trás e ver que tudo mudou.

Vou contar mais dez anos de tudo isso.


Houve um crescimento populacional e construções de casas, na historia contam que havia uma briga entre o recém chegado Pontara e Fernandes mas mesmo com as terras hipotecadas o povoado nunca deixou de crescer e estruturava ganhando aparência de ruas, lembro que um avião tirou uma foto desta época , e o povoado aparecia. Pontara falava em Assis que aqui so tinha umas cinco casa e acabou falando para um dos fornecedores de Santiago o que acarretou brigas, Pontara queria convencer os investidores comerciantes levando a cidade para Valdelândia onde ele estava construindo um povoado, mas futura rodovia Assis – Marilia que passaria ao lado do povoado nosso e não no dele, foi o que fez ele ficar furioso, porque Santiago meu pai conhecia o Joaquim do Nascimento Tenente do Governador. A versão da historia dele Paschoal sempre foi contada  é outra mas não vou entrar na historia de brigas. Chega!

A FOTO AO LADO É DE 1928) 

Mas Pontara teve que aderir ao local mesmo visto que sua ideia  não deu certo, porque mesmo brigando, bebendo, implicando e criticando sempre o meu pai o Santiago era bem aceito por todos por sua determinação e confiança, ajudava muito as pessoas. Mas Pontara também se desenvolveu com isso, outros homens donos do local seria Pedro Rabassi, Jose das Graças, Benedito Spinardi e a maioria central de Santiago meu pai.

 Neste período houve a geada negra queimou café, plantações e a economia do povoado desestruturaram-se. Desta forma mesmo com a rivalidade pessoal o Sr Paschoal e meu Pai Santiago tem que se unir para em uma “Campanha”  que foi organizada entre  o rural e conseguirem sanar as dividas existentes da Hipoteca de terras da futura Bela Vista.  Todos que contribuíram receberão um terreno no povoado. Neste período da geada abriram cadernetas de fiado, marcavam as contas mesmo sabendo que muitos teriam dinheiro para sanar as dividas depois de dois anos ou mais, isso chamava empatia solidaria, ajudar ao próximo sem ter certeza de que havera algum retorno, correndo risco de perder tudo.

Coisas boas aconteceram o pessoal se encontrava para cantar e tiveram a ideia de formar a “Banda do Pito Aceso”, Giovanni (Joao), Hermínio e Quinto Gazzola faziam parte, Eu tenho uma foto com os músicos da época. Uma alegria eles ensaiavam muito e todo domingo se apresentavam após a missa ou em dias festivos.

A comunidade se junta e tem construção da primeira escola, porque antes funcionava na sala de uma professora voluntaria que ajudava a aprender escrever nome, ler e fazer contas em Portugues, o nosso povoado tinha muito descendentes de italiano, espanhol e outros e tinha pessoas que ensinava os filhos um tal de portunhol ou portliano por esse motivo Ela não lembro o nome ela merecia ter um nome de rua ou da escola, porque aquela mulher foi a ajuda para todos, ela me ensinou a escrever meu nome e fazer contas e eu tinha 14 anos não esqueço..

Foi nesta época teve a ladainha do cartório resolveram roubar a documentação e  um rouba, busca, entrega, rouba e até que o juiz intercedeu e fez devolver tudo a Campos Novos, mas meu Pai Santiago e Riodante foram  no Juiz e pediram a “ liberdade” administrativa, deixou claro que o povoado queria ser município, lembro que meu pai contou para cidade toda no Bar que estavam requisitando que o povoado fosse libertado para ser cidade.

A maquina de café é concluída e os equipamentos chegam e começa funcionar e o comercio já está com cara de Município e os documentos ainda não chegaram era muito difícil cada dia de espera sem saber se daria certo mesmo, mas meu Pai nunca perdeu o espirito de confiança que ia conseguir.

 

Inicia o ano de 1938 o ano das Alegrias.

Inúmeras reuniões e o povo não desistia acreditava que a qualquer momento teríamos o que sempre buscamos uma cidade  de depois de muita documentação liberar a documentação  da cidade e foi o maior festão, mais o documento foi liberado em 30 de novembro de 1938 e so chegou uma copia aqui provando que era cidade em 12 de dezembro de 1938 de manhã foi uma gritaria na rua, meu Pai desceu de cavalo passando pelas ruas, e gritando que :

- CONSEGUIMOS!!! SOMOS CIDADE DE BELA VISTA!

Ele seguiu gritava na frente de cada casa, rápido juntou uma multidão na frente da Capela estava fechada e seguiram para frente do bar dele e lá organizaram fazer um churrasco de vala e bebidas no campo de bocha e maia que ficava na parte de cima. 

Eu fiquei sabendo disso porque a minha mãe me contou, assim que chegou a noticia a mãe foi na Emilia avisou ela e depois foi lá para casa e deu certo que a Rosa estava lá com as crianças dela eu já estava morando no sitio de meu marido Herminio e com filhos pequenos, lavorava no café, mandioca e plantava uma horta para nosso sustento. Foi até bonito, chorei porque lembrei o que passamos, nos duas estávamos conversando com a Rosa quando a Rosa falou:

_ HOJE É DIA OITO DE DEZEMBRO DIA DE NOSSA SENHORA DE GUADALUPPE.

Ficamos quietas e alegre e fomos fazer uma oração, porque a noticia chegou em um dia abençoado para Família. Minha mãe voltou para cidade porque eu morava a menos de 3 kilometros pertinho.

Foi  no final do ano de 1938 que a cidade vira cidade de Bela Vista.

E assim começa uma historia diferente em que cada prefeito começa a fazer algo e escrever uma nova historia. 

Mas estas foi a historia sem flores e com muita realidade de Santiago e Josephina os meus pais. Um homem não funda uma cidade sozinho a familia tem que acreditar no sonho dele.

Sobre meu Pai, mesmo minha mãe não tendo seu nome em nada na cidade até o momento, foi ela que se manteve firme e amorosa ajudando e apoiando nossa Familia.
 Assim quando Bela Vista passou a ser Echaporã nada mudou, porque o amor de um sonhador por seu sonho o meu Pai mesmo ele bebendo, nunca deixou de ser solidário, confiante e de criticar até a si próprio. Ele morreu em 1951
 Depois da morte do Pai, a Rosa se aproxima mais da igreja, de desta forma ele pode começar benzer as pessoas, ela sempre teve um dom de sentir e ela começou a benzer depois de 1966.






Trabalho escolar: Nilceia Gazzola 1988
Destino: Cinquentenário de Echaporã SP
Relato de Angelina Fernandes
Minha avo faleceu 29 de maio de 1989.
Fotos: Minhas ela me deu quando eu era criança. 
Com amor eterno desta sua ceinha. 

CONSEGUI PASSAR AS FOTOS PARA COLORIDAS













Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigadaço por postar um comentario. Nilgazzola